estragaste-te

Achas que um dia eu vou estar ao teu lado e dizer que foste o melhor que alguma criança possa ter? E sem pensar a minha resposta é: NÃO. É definitivamente não. Tive os momentos que qualquer criança desejava ter. Foste uma pessoa divertida, alegre, brincalhona. Ao longo daqueles 3 anos, tornaste-te uma pessoa fria, irritada, revoltada com tudo e com todos. Nestes três defeitos, descarregaste em três pessoas, nas três pessoas que te amavam incondicionalmente. Nós não tínhamos paz. Tu estavas lá, ainda. Respirávamos tão rapidamente que tu nem imaginas. Quando sais-te, houve finalmente uma paz intensa. Podíamos respirar fundo, acalmarmo-nos, sentarmo-nos e podermos finalmente sorrir, ficando com as tuas imagens na nossa cabeça e com as lágrimas as escorrem pela cara. Tu não fazes a menor ideia de quanto eu te odiei naqueles meses que estiveste lá dentro. E sabes porquê? Deixa-me eu responder. Porque o que tu estiveste a fazer ao longo de três anos, não se faz a NINGUÉM. Desejaste ver a pessoa que eu mais amo na vida, que me trouxe ao mundo, sem nada. Desejaste acabar com ela. Como é que é possível tu teres-te tornado num monstro? Como é que é possível eu ter vindo ao mundo, vindo de ti? Esquece, não consegues explicar, não é? Claro, uma pessoa como tu não tem quaisquer razões para meter a mão no ar para sequer abrir a boca para dizer alguma coisa. Armaste-te e armas-te em vitima. Tu não imaginas sequer o que é ver o lugar em que passaste practicamente a tua vida, completamente vazio. VAZIO. Eu gritei, eu berrei. Eu estava tão nervosa que nem sei o que fiz. E se tu te pusesses no meu lugar? O teu mal foi não que não te puseste. As pessoas avisaram-te. Avisaram-te que aquilo não era vida. Desejaram que tu parasses. Mas para ti, o teu "melhor amigo" falou mais alto. E esse teu "melhor amigo" foi o que eu via todas as noites, escondido atrás da fotografia da nossa família. Eu sei que não foi fácil. Finalmente saíste. Agora estás sozinho. Metias-me nojo. Agora cada vez que olho para ti, sinto que tens falta de mim, dos outros. Não quero saber. Vais morrer sozinho. Adeus.