quinta-feira, 11 de novembro de 2010

António Andrade Augusto


Para mim, sempre foste como um tio. Um tio que me dava imensas prendas para me fazer e ver sorrir, para pensar que era impossível ires embora tão cedo. A vida tem muitas fases. A vida é feita de altos e baixos. Estavas mal. Escolheste fechar as portas do teu mundo, com a esperança de ele ser encontrar. Foste contando o tempo quase ao segundo, do profundo silêncio que é a tua voz. Para trás, deixaste muitos dias, muitas brincadeiras, muitas discussões, muitos sorrisos, muito amor. A tua família agora está a sofrer. Não digo que tiveste culpa, porque na verdade não tiveste mesmo. Talvez sim, não pensaste nos teus filhos e na tua família. Por mais que estivesses mal, foi preciso teres coragem para acabares com a tua própria vida. Eras a única pessoa que conhecia, que compreendia bem o meu pai. Depois do divórcio, apoiaste-lhe mas percebeste que não era ele que tinha a razão. O que fizeste foi tentar abrir-lhe os olhos, mas como viste não deu em nada. Valeu e significou zero para ele. Quando soube o que fizeste, fiz questão em ligar-lhe e quando acabei a frase, ele ficou calado e começou a chorar e disse “ Era um bom homem”. Desligou. Depois, ganhei coragem e fui ver-te, coberto por madeira dura, um caixão. Não consegui olhar direito para ti. Era demasiado doloroso. Custa-me ver os meus dois melhores amigos, que para mim são irmãos a morrer por dentro. Vais continuar a amar. " A saudade precisa de distância para crescer.” Adrt estejas onde estiveres”


Até sempre.
Descansa em paz @

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