quarta-feira, 27 de abril de 2011

O "em vão" entra aqui.


Não te via há 9 meses.
Cada vez mais os meus passos aceleravam, o meu coração batia a mil, todos os pensamentos e memórias tuas passavam pela minha cabeça. Estava cada vez mais perto, até que estava de costas viradas para todos e de repente oiço gritarem o meu nome, olho para trás e lá estavas tu. Olhamos um para o outro e tive uma enorme vontade de chorar. Estás uma desgraça. Estás completamente abaixo de zero. Um sorriso enorme instalou-se na tua cara. Um sorriso forçado instalou-se na minha. Vês a diferença? Saudaste-me com um abraço forte que eu não estou habituada. Abraço esse que se apagou, não com o tempo mas com o sentimento. Sentimento esse, não mútuo. Tentei ao máximo não explodir e atirar-te á cara tudo de mau que ouvi e calei. Entre nós surgiu um silêncio demasiado pesado, até respirar era difícil. Foi talvez o silêncio mais desconfortável e pesado que já senti. Estávamos nós dentro do carro, e com tristeza perguntas-me “E tu Catarina, como é que estás?”, senti que aquela pergunta há muito que não me faziam. Queriam saber como é que eu estava na realidade. Logo imediatamente, eu respondi com frieza e mentira “Eu? Eu estou normal, bem. Como sempre.” Quando ouviste aquilo sentiste que não tinhas mais nada a dizer até ao fim da viagem, e assim foi, permaneceste calado. Eu, num enorme sofrimento por dentro e tu com o pensamento que sou uma rapariga vulgar e que nunca tenho nada com que me preocupar. Se me conhecesses minimamente bem, interrompias-me dizendo que na verdade, eu estava a morrer por dentro. E mais uma vez, desiludiste-me. Só para acrescentar á lista das desilusões feitas por ti. É incrível, quando é que vais parar de me surpreender? Queres continuar? E imagino-te a ser o primeiro a pôr a mão no ar e responder com o sim sinico. Apetecia-me chorar em frente á tua cara e descarregar toda a minha raiva. Mas não, não o fiz porque como sempre íamos acabar por discutir. A visita que eu te fiz, nela não entra arrependimento. Não existe ele agora. Finalmente quando me estava a retirar, abriste a boca e dizeste-me “Adeus filha, gostei de te ver. Vem cá no Verão.” E deste-me um abraço que desta vez senti que era o último. Todas as minhas lágrimas ficaram trancadas e só saíram no momento certo. Ganhei coragem e disse “Adeus pai, vou ver se venho.” Olhaste-me com tristeza e viraste costas. Permaneci no meu lugar e fiquei a avistar-te de costas, a seguir o teu caminho e a viver uma vida de miséria. Segundos depois já tinhas desaparecido e senti pena de ti, e aí sim as lágrimas foram bem-vindas. Sentei-me sozinha, a chorar de cabeça baixa. Levantei-me e vi ao longe a mulher que me deu o mundo, corri até ela e abracei-lhe. Fui recebida com muito carinho, totalmente de braços abertos. O silêncio do abraço desapareceu e ela disse “Está tudo bem, filha. Ele vai ficar bem.” E eu apesar de saber que aquilo era mentira senti orgulho nela. Olhou para mim, limpou-me as lágrimas e virámos costas a tudo, fomos para casa. E no fim disto tudo, cheguei á conclusão que não mudaste, continuas o mesmo. Cheguei á conclusão que a visita que te fiz, foi em vão.

4 comentários:

  1. Está lindo Catarina, fizeste-me chorar; está tão sentido, tão forte, tão profundo... E com poucas palavras demonstraste tantos sentimentos...

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  2. Oh Inês :D Obrigada, a sério! Continua a escrever que tens imenso jeito :)

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  3. Olá! :)
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